Num dos dias da Feira do Livro (de Natal) da nossa biblioteca da E. B. 2, 3 de Lamego, apresentámos uma peça de teatro alusiva à mensagem da época natalícia. Estiveram a assistir os nossos colegas, mas também professores.
UM
PERFEITO PRESENTE
Cena
1
O narrador está do lado direito. A
mãe está do lado esquerdo a preparar o jantar, enquanto o pai está sentado no
sofá a ver televisão.
Narrador – Certo
dia, dia esse de Natal, dois casais amigos, com filhos, combinaram encontrar-se
em casa de Carolina e de Ricardo (um dos casais).
Ricardo – Querida,
já está tudo preparado para logo, para a ceia de Natal?
Carolina (chegando-se à beira do marido) – Sim, amor, já está tudo pronto. Eles
devem estar a chegar. E tu? Já enfeitaste a árvore de Natal?
Ricardo – Já
tratei disso há séculos!... Aliás, foi o Luís que tratou de tudo. Agora faz-me
um favor: deixa-me ver o meu documentário…
Carolina – Documentário
de quê?
Ricardo – Um
documentário de palavras difíceis…
Carolina – Palavras
difíceis? Como?
Ricardo – Ora,
como in-quist-inqu-tiu-tiu-ção e ot-tor-lin-golarin-gis-ta!
Carolina- Não
queres dizer inconstitucionalidade e otorrinolaringologista?
Ricardo – Claro!
Foi isso mesmo o que eu disse!
Carolina (suspirando) – Ai1 Ai! Os homens e o português!
Cena
2
Narrador – É
então que aí chega o outro casal com a sua filha. Traziam prendas para todos.
Joana, Rafael e a filha aproximam-se.
Joana (vira-se para a filha) – Agora, porta-te bem! Se te portares mal, não há prendas!
Isabel – Já
sei, mãe! (virando-se para o público e em
voz mais baixa) Como se isso fosse verdade…
Joana bate à porta.
Ricardo (abrindo a porta) – Olá, estão todos bem?
Como estão? Vão entrando. (Entretanto,
vão-se cumprimentando e falando)
Carolina (aparecendo da cozinha) - Olá,
meninos! Já estávamos à vossa espera! Oh! Mas tantas prendas!... Não era
preciso! Só queremos a vossa amizade, a vossa companhia…
Joana – Ora
essa, Carolina! São apenas uns miminhos!
Rafael – De
Natal!
Ricardo – Bom,
crianças, agora vão até ao vosso quarto brincar, enquanto pomos a mesa.
Isabel e Luís – Iupi!
Iupi! Vamos nessa!
Cena
3
Isabel e Luís dirigem-se para o
quarto, enquanto os pais põem a mesa.
Isabel – Sabes,
Luís, eu acho que os meus pais me vão dar uma PS4. Acabou de chegar ao mercado!
Luís – Mas
é tão cara! 400 euros! Ainda por cima em tempo de crise! Também gostava de ter,
mas nem me atrevo a pedi-la aos meus pais. O dinheiro é necessário para coisas
mais úteis e que façam realmente falta!
Isabel – Então,
o que é que tu pediste?
Luís – Eu
gostava de ter um livro de Piratas e Corsários. Adoro aventuras com muitas
lutas e descobertas de tesouros!
Isabel – O
quê? Queres ter um livro? Essas coisas são só para totós!...
Luís – Totós?
Tu és tonta! Os livros são tão importantes! Aprendemos tanto com eles!... Com
os que lemos em casa, com os que lemos na escola…
Isabel – Não
me fales em escola! A escola é uma “seca”!
Luís – Seca?
Que disparate!
Isabel – Oh!
Vais-me dizer que adoras a escola?
Luís – Não,
também não chego a tanto! Mas, reconheço que a escola é importante para
aumentarmos os nossos conhecimentos, aprendermos a saber ser, a saber estar…
Carolina(gritando) – Meninos, vamos jantar!
Cena
4
À mesa, Isabel e Luís lutam por um
sumo.
Ricardo (gritando) – Meninos, ordem na mesa! Luís, não foi esta a educação que te
dei!...
Rafael – Filha,
nem te reconheço!
Isabel – Desculpem!
Luís – Desculpem-nos,
por favor!
Carolina – Vá,
estão desculpados. Vamos comer descansados e partilhar a amizade que nos une e
a alegria de passarmos mais um Natal todos juntos, com muita paz, saúde e amor.
Cena
5
Levantam a mesa. Arrumam a cozinha.
Isabel – Mãe,
mãe! É agora que vamos receber as prendas, certo?
Joana – Carolina,
que dizes? És a dona da casa.
Carolina – Com
certeza, queridos!... Vamos lá começar!
Luís e Isabel – Viva!
Narrador – Luís
ficou com o livro que queria, mas Isabel, também ficou com o que desejava?
Entretanto, desembrulham as
prendas.
Isabel – O
que é isto?
Joana – É
um livro de magia, não gostas?
Isabel (revoltada) – Detesto (e atira o livro para a mesa). Eu pedi
uma PS4.
Rafael – Filha,
nos tempos de hoje não podemos pensar em tal. Não temos dinheiro para isso!
Joana – Temos
de nos alimentar, vestir, calçar, ir ao médico e comprar medicamentos, sempre
que seja necessário.
Rafael – E,
não te esqueças que hoje estamos empregados, mas amanhã podemos não estar!...
Joana – Bom,
mas se não queres o livro, não faltará quem sinta prazer em o ler e em aprender
a fazer truques de magia!
Luís – Ó
Isabel, vê se entendes a situação difícil pela qual todos passamos e, … olha,
seria bem giro irmos até ao quarto e prepararmos uns truques de magia para
animarmos o serão! Ana daí, não sejas parva!
Isabel (demora alguns instantes, pensando no que
dizer) – Ai! Sou mais que parva!
Fui mesmo estúpida e mal-educada. Desculpem pai, mãe, Luís, Carolina e Ricardo.
Desculpem-me mesmo! Portei-me muito mal, fui egoísta, até dizer chega! Prometo,
a partir de hoje, pensar mais nos outros e menos em mim.
Narrador – E
foi assim que Isabel aprendeu que o egoísmo não leva a lado nenhum e que a generosidade
e a humildade são valores a preservar. São eles os verdadeiros e perfeitos
presentes de Natal, deste Natal, de todos os Natais! Hoje e sempre!
Autores
e atores: Alexandre, Ana Isabel, João Nuno, Diogo, Catarina, João Carlos, Maria Beatriz - 5º B
Encenação
e produção: Drª. Regina Santos
Trabalho
elaborado em aula de Português e tempos não letivos dos alunos e professoras,
para a Feira do Livro de Natal.
Agrupamento
de Escolas Latino Coelho, Lamego