Num belo dia de
primavera, abri a janela do meu quarto e vejo um lindo e melodioso melro numa
cerejeira. Bem, vários melros numa cerejeira, melros a mais! Que estranho!
Decidi segui-los. Não
sabia para onde iam, mas como sou curiosa… Foram ter a uma casa que era
fantástica: grande, bonita e bem pintada…
Entrei, parecia uma
casa saída dos livros que tenho lido! Fiquei sem palavras. A casa era luminosa,
tinha uma mobília cheia de feitios, sinceramente parecia que estava dentro de
um dos meus livros!...
Até que começou a
chover torrencialmente e a coisa ficou feia: não conseguia ir para casa, teria
de passar o dia naquela casa misteriosa.
Entrei em todos os
compartimentos: a cozinha parecia dos anos 70, nos quartos (e havia muitos
quartos) havia papéis como se estivesse num hotel, uma secretária, perto da
entrada, idêntica à receção de um hotel… Só podia dizer uma coisa: estava num
hotel abandonado! Mas estava em tão bom estado!...
Chegou a noite, entrei
num quarto e deitei-me em cima da cama. Não conseguia dormir com a chuva a
bater na janela e a fazer estalidos no chão. Ouvi, então, um barulho que vinha
de uma torre, onde eu ainda não tinha entrado. Já que não conseguia adormecer,
fui espreitar um pouco. Subi as escadas em caracol, que mais pareciam um
escorrega, e cheguei ao topo.
Dei de caras com um
desconhecido. Agora tudo fazia sentido. Aquele homem tinha vindo a tratar do hotel,
por isso estava em tão bom estado. Era um homem de estatura média, nem gordo
nem magro, com olhos castanhos, barba e com pouco cabelo. Usava uma camisola
azul, calças pretas e umas sapatilhas de um azul escuro como a água do mar à
noite.
- Quem te guiou até
aqui, minha menina? – perguntou com uma simpatia do outro mundo.
- Os melros – disse eu,
com um pouco de medo.
- Ai que marotos! –
exclamou o homem.
Passado este momento
de conversa, demos conta que já éramos amigos, ou melhor, grandes amigos. A
chuva parara, o sol abrira e espreitava por entre as nuvens.
- Bem, vou para casa.
A minha mãe deve estar preocupada comigo ao dar conta que não dormi em casa! –
declarei eu, apressadamente.
- Catarina, Catarina,
acorda, tenho de te levar à escola! – chamava a minha mãe.
Eu sabia que não era
real. Fora tudo na minha cabeça. Mas ao ir para a escola, vi que estavam a construir
um hotel no mesmo lugar dos meus sonhos…
Catarina Guedes - 5º B
Agrupamento de Escolas Latino Coelho, Lamego