Quando o barco se aproximou, deu para ver que havia um homem lá dentro. Era um homem esbelto e elegante, com uma cara redondinha e rechonchuda. Usava uma camisola azul, calças de ganga e sapatos que mais pareciam peixes, devido à sua semelhança com estes seres das barbatanas. Levava uma rede para apanhar peixes, mas via-se que não tinha conseguido grande pescaria.
Parou o barquito, prendeu-o e saiu com a rede nas mãos para vender o que pescara. Olhei para o mar e vi um grupo de patos a vaguear por ali. Quase não conseguiam deslizar pelas águas mansas devido aos detritos, lixo e correntes de crude (petróleo em bruto) que um malvado barco de carga de produtos desta espécie tinha lançado ao mar. Ao ver aqueles animais a sofrer, queríamos, eu e os meus amigos, fazer algo para os ajudar a nadar e a viver da forma como tanto gostam e a que têm direito.
Ao chegarmos a casa, decidimos ir pesquisar histórias semelhantes a esta que existem muitas, infelizmente!). Os dias foram de algum trabalho para conseguirmos ter argumentos para iniciar uma luta pela sobrevivência destes seres e de outros do planeta Terra, onde se inclui o mar.
Concluímos que era preciso fazer algo mais consistente, fazer mais e melhor para que aquelas cabeças iluminadas, achávamos nós, se debruçassem sobre este aspeto grave: a poluição marinha. Claro que nós tínhamos um plano B. Uma de nós saiu da sala de audiências e voltou cinco minutos depois. Transportava água com um quantidade mínima daquela substância petrolífera que pairava no mar.
Levámos o recipiente até ao senhor juiz e pedimos-lhe que cheirasse ou mesmo olhasse para a cor e o aspeto de certa forma lodoso que apresentava.
- Esta água, será que é água? Tem um odor que sufoca, uma cor escuríssima e nem me atrevo a chegar-lhe o nariz! Onde é que vocês foram buscar tamanha mixórdia? Impossível isto existir por aqui. Há alguma coisa que não está bem. Contem lá o que se passa - pediu ele, muito autoritário, mas intrigado.
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O juiz estava sem palavras! Pediu para falar com os seus conselheiros. Passados uns dias convocou-nos para uma reunião. Informou-nos do seguinte:
- Vamos instalar, para já, uma máquina no fundo do mar, junto à nossa costa, para sugar os resíduos do petróleo e outro lixo. Já falei com o presidente da câmara para iniciar esta operação e a patrulha da polícia marítima irá pôr a funcionar radares que vão denunciar todas as embarcações que tentarem lançar os seus detritos no mar. Serão severamente castigados e obrigados a limpar o que sujarem, com multas que terão de pagar. Vós ides construir frases sobre estes perigos do mar, para serem colocadas em boias, rochas, pedras e promontórios, para que fiquem bem visíveis a todos os que cruzarem estas paragens, antes que façam asneiras deste género. E quero agradecer-vos por não terem desistido de lutar por aquilo em que acreditam e por defenderem o vosso planeta. Deram-nos uma lição.
- Ficamos muito gratos por saber que finalmente nos ouviu e que fomos úteis.
Catarina Guedes e Carla Esteves
Clube de Escrita Criativa
Agrupamento de Escolas Latino Coelho, Lamego
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