O texto que vos apresento é uma reflexão bem profunda que decidi passar para todos vós. A natureza é fulcral, mas se os valores humanos não se puserem em prática, tudo o que Comenius nos quis transmitir pode mesmo não ser possível.
Às
vezes sinto que nenhum dos meus amigos me compreende. Sinto que nenhum deles
tem a capacidade de me perceber, de perceber o que sinto, o que penso… É como
se …só o meu irmão e os meus pais me percebessem.
É a primeira vez que escrevo a alguém o que sinto, nunca
escrevi um diário… porque é como se eu contasse a minha vida a um estranho que
pode zombar do que eu lhe conto. O que eu quero dizer é que, apesar da escrita
ser o meu ponto de abrigo, onde ninguém me critica, é diferente… Não sei
explicar, não me sinto à vontade… É como se o diário fosse o meu amigo, que eu
lhe contasse tudo, mas que, depois, eu descobrisse que ele não era um amigo, pelo menos verdadeiro, e que
simplesmente contava aos meus amigos os meus segredos.
Apesar de não gostar de diários tenho outro amigo, quer
dizer outra amiga, eu. Simplesmente eu. Quando falo comigo mesma, consigo
criticar-me, mas de maneira diferente. Tudo fica mais claro… Sinto que estou a
falar com alguém que me compreende que sente o que eu sinto. Sinto que é um
verdadeiro amigo, que não vai contar aos outros os meus segredos. É como se nos
conhecêssemos desde sempre, alguém em que eu pudesse confiar verdadeiramente
vendo que a vida é cheia de injustiças.
A
vida está cheia de injustiças, pelo menos é o que todas as pessoas dizem.
Sinceramente não concordo. Nós, humanos, foi-nos dado tudo, fomos nós que
deixamos a terra nestas condições ambientais, fomos nós que originamos estas
crises, porque sempre gastamos mais do que tínhamos. Porque é que somos assim…?
Às vezes dou por mim a pensar: será este o nosso futuro, viver na miséria do
nosso coração? Não me refiro à pobreza, que já é um problema bastante grave,
refiro-me à solidão. No nosso país, a maior parte dos idosos vive sozinha, sem
os filhos, netos ou familiares e amigos. As pessoas mal se cumprimentam, mal se
relacionam umas com as outras. Como é possível que o presente de todo o mundo
seja assim… a solidão?
Não
sei o que devo dizer… acho que neste momento a maior parte das pessoas em todo
mundo dá mais valor aos bens materiais do que à felicidade, ao convívio com as
outras pessoas, à alegria… O que será o nosso futuro, se o nosso presente já é
tão negro e obscuro?…
Como
é possível que o mundo seja tão cruel… as pessoas “passam umas por cima das outras”
para atingirem o seu objetivo. Como é possível que haja pessoas que matam,
torturam, só por vingança… Apesar de ser doloroso, de saber que é a realidade,
a nossa realidade, foi este o mundo que construímos, foram estas as pessoas que
educamos, mas eu olho em meu redor, e não vejo amor, felicidade, educação,
liberdade… Simplesmente vejo egoísmo, falsidade, vingança…
As
escolas, que deviam ser Centros Educativos para as crianças, para alguns é uma
”seca “, para alguns as aulas são simplesmente uma brincadeira, onde se brinca
com os professores, enquanto no intervalo a maior parte dos alunos troçam uns
dos outros. Sinceramente, como é que uma criança se sente bem num
estabelecimento como este que aqui retrato?
Como
é que neste mundo nós não nos respeitamos? Porque temos que ser assim? Porque é
que não aceitamos as opiniões dos nossos amigos? Porque é que não gostamos dos
que são diferentes? Porque é que somos racistas? Uma cor diferente, uma
religião diferente não significam nada. Continua a ser uma pessoa com os mesmos
direitos, continua a ser uma pessoa que sabe amar, que sofre e que sabe viver,
e não é mais nem menos do que nós. Ninguém é superior a ninguém, somos todos
diferentes e todos iguais.
Tantas
perguntas que fiz e nenhuma delas tem resposta… quer dizer as respostas
existem, mas acho que ninguém na realidade as conhece… Este é o mundo visto por
uma criança de onze anos. Quase todos os adultos pensam que as crianças não
percebem, não entendem, mas eu entendo, eu percebo… Agora que já sei o que é,
na realidade, o mundo, preferia não ter entendido, não ter percebido… Preferia
nunca ter conhecido… o que é o nosso mundo, a nossa vida…
Nós
podíamos mudar, podíamos melhorar, se cada um pensasse como eu, mas é isso que
nos torna especiais, sermos diferentes. Mas será que a diferença não pode ser
posta de lado, só por um momento? Será que num sorriso diferente não pode haver
amor?...
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