Era uma vez uma bailarina que sempre sonhou vir um dia a utilizar sabrinas de pontas. Na verdade, essa bailarina era eu.
Tudo começou quando tinha 3 anos. A minha mãe inscreveu-me no ballet. Eu só via (só pensava em) pontas para um lado, pontas para o outro ..., por isso só sonhava em tê-las, em vê-las e tocar-lhes.
Certo dia, quando já tinha quase 10 anos, ei-las! Ali mesmo à minha frente, lindíssimas, perfeitas e sedutoras! Algo de mágico acontecera! A magia ia começar nos meus pés que há muito tempo me pediam algo que me pudesse pôr a girar, a fazer piruetas, a levar-me para outros cenários dignos de quem aprecia e ama a dança.
Comecei a apertá-las e, de repente, girei, girei, girei ... Fui parar a Londres, precisamente no palco onde decorria um espetáculo organizado pela Royal Academy of Dance. Eu não sabia nem um terço da dança, mas como as pontas eram mágicas, obrigaram-me a dançar ao som da música. Estava espantada, mas, ao mesmo tempo, assustada, porque não sabia bem o que é que os meus pais iriam pensar, sabendo que eu não estava na aula de ballet.
Tentei descalçá-las, mas não consegui. Começaram novamente a girar e, desta vez, fui parar ao Porto, numa loja fantástica onde as bailarinas giram, giram, giram em guarda-joias antigos e modernos para decoração e guardar as pedras preciosas e outros objetos que as meninas e as senhoras tanto apreciam. Enquanto se embelezam com as suas joias, as meninas e as senhoras ouvem a música e veem as bailarinas dançarem ao som dessa música que tilinta pelas suas casas. Eu era uma bailarina bem vaidosa e elegante e estava bem à vontade na dança, porque a música já não me era estranha.
Tanto girei que, de súbito, vejo aparecer à minha frente um príncipe encantado no seu belo cavalo branco para dançar comigo. Era nem mais nem menos que o meu querido irmão, que vinha de skate, para me ajudar a sair daquela caixinha. Acabada a dança, fomos para casa e apercebi-me que tinha sido só um sonho, pois só no dia em que festejei os meus 10 anos é que passei a usar as sabrinas de pontas.
Mas valeu a pena ter-me acontecido um tão mágico sonho!
Maria Dinis Tenreiro - 6.º B
Clube de Escrita Criativa
Agrupamento de Escolas latino Coelho, Lamego
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