segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Observando o mar

Este texto nasceu da observação de três imagens que a nossa professora nos apresentou. Depois de muito diálogo no grupo e discussão, elaborámos um esquema das ideias e construímos uma história.
Foi uma atividade que nos desafiou, tal como o mar nos desafia sempre que o observamos.


No dia 13 de junho de 1999 nasci. Os meus pais chamaram-me Rui Lourenço Pessoa por ter um aspeto curioso e um pouco louco.
Certo dia de inverno, fui até à praia. Sem ninguém contar, ouvi uns gritos vindos do mar, mas do seu interior, como se um queixume de alguém magoado ou doente estivesse ali bem audível.
- Ajudem-me, ajudem-me. A minha irmã está a ficar sem forças e a perder a sua vida ainda tão jovem. Não quero que ela morra, não é justo! Ajudem-me. Help
Foi então que decidi concentrar-me, ver bem se conseguia vislumbrar quem seria. Contudo, os gritos eram tão aflitivos que nem pensei mais e ... inspirei fundo de modo a encher bem os pulmões de ar e atirei.me pela água do mar adentro. Não precisei de nadar muito tempo debaixo de água para encontrar quem assim chamava desesperadamente.
Vi uma tartaruga que puxava com toda a firmeza e confiança uma outra e tentava transportá-la com todos os esforços para terra.
- O que aconteceu? - perguntei eu.
- Estávamos a brincar e, subitamente, um sapato de salto alto veio contra os olhos da minha amiga Tatu e ela acabou por perder os sentidos. Não sei como é que consegui forças para gritar e pedir ajuda. Foi mesmo um desastre, uma catástrofe para ela. Este lixo e outro que anda por aí está a dar cabo de todos nós. Já nem se pode passear sem perigos e desfrutar da beleza do fundo do mar!... 
- Tens toda a razão - concordava eu. - Eu e outras pessoas também somos os grandes causadores destes problemas, mas garanto-te que isto vai mudar.
- Pois, mas os Homens andam sempre a dizer que vão mudar e tratar desse lixo marinho que nos mata, mas não temos visto nada - queixava-se a Tapi que tentava salvar a sua amiga Tatu.
- Agora vamos tratar desta situação. Tudo se vai resolver - tentei eu acalmar a Tapi.
Fui a correr o mais que pude, quase ia perdendo os meus óculos à Fernando Pessoa (sou seu fã). No primeiro bar de praia que encontrei pedi gelo. Corri imediatamente para junto das pobres tartarugas indefesas, coloquei com muito cuidado o gelo e esperei que a pouco e pouco a tartaruga recuperasse os sentidos.
Passadas algumas horas, a Tapi continuou a insistir:
- O mar não é assim tão bonito como pensas! Está tão cheio de lixo e produtos tóxicos que por vezes já temos dificuldade em respirar e em escolher o que comer. É uma tragédia! Só quero que vós, humanos, o protejam, que tu sejas o primeiro a dar esse exemplo e contes o que nos aconteceu a todas as pessoas.
Doendo-lhe ainda os olhos, dei os óculos do meu pai à Tatu (fui buscá-los a casa enquanto ela reanimava), ainda meio a cambalear e com dificuldades em ver onde estava e para onde ia. Podiam ser uma ajuda e o meu pai já não os usava. Sempre seriam mais úteis do que estarem guardados na caixa das peças antigas!
As duas amigas regressaram ao seu habitat e, à medida que entravam na água, iam acenando em sinal de gratidão.
A partir desse dia, eu e muitos colegas e pessoas que se interessam pelo mar, criámos uma campanha para alertarmos toda a gente para a importância de não poluirmos e respeitarmos o mar. Faz tu também algo pelo mar.

Matilde, Maria Dinis, João Pedro e Gonçalo - 6.º B
Clube de Escrita Criativa
Agrupamento de Escolas Latino Coelho, Lamego 

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