sábado, 15 de novembro de 2014

Fernando Dacosta: um homem que ama a vida



Fernando Dacosta nasceu em Luanda, em 1945, mas aos três anos vem para Portugal, mais precisamente para a localidade de Folgosa do Douro. Estudou no Liceu de Lamego e licenciou-se em Filologia Românica.
Foi convidado para participar nas comemorações do 134º aniversário da Escola Secundária Latino Coelho, uma vez que a sua ligação a este espaço de ensino nunca foi por si esquecida. E foi realmente um momento de encontro com as raízes, com o passado liceal e a oportunidade de rever e sentir aquilo que nos fica para sempre: as recordações e os percursos que a vida proporciona e que agora pôde testemunhar aos mais jovens.
O encontro foi, essencialmente, uma conversa coloquial, uma lição, um revelar de curiosidades de uma vida dedicada às letras, à sociologia, ao jornalismo, em suma à sociedade que tanto deseja justa e equitativa.
  
Ficcionista e autor dramático, exerceu a atividade profissional de jornalista, na sequência da qual publicou os trabalhos de investigação jornalística Os Retornados Estão a Mudar Portugal (Grande Prémio de Reportagem do Clube Português de Imprensa) e Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo (Prémios Gazeta e Fernando Pessoa). Estreou-se como dramaturgo com Um Jipe em Segunda Mão, peça que, tendo por tema as sequelas da guerra colonial portuguesa, foi distinguida com o Grande Prémio de Teatro da RTP, e editada, em 1983, com o monólogo dramático A Súplica e o diálogo Um Suicídio Sem Importância, volumes a que se seguiriam os trabalhos teatrais Sequestraram o Senhor Presidente (1983) e A Nave Adormecida (1988). Tentado pela maior liberdade de tratamento do espaço e do tempo no registo novelístico, com O Viúvo (Grande Prémio da Literatura do Círculo de Leitores) e Os Infiéis, afirmou-se no domínio da ficção, estabelecendo nexos de intertextualidade com outros autores de língua portuguesa que integram ou refletiram sobre a mitologia do ser português, como Agostinho da Silva, Jaime Cortesão, Antero, Pascoaes, Oliveira Martins, Camões ou Pessoa.
Fernando Dacosta, acreditado como correspondente da imprensa internacional, transforma-se, por via da dona Maria, em assíduo de S. Bento, e consequentemente num quase confidente de Salazar. O autor não se assume como um homem da situação. Não fui eu quem escolheu a época do Salazarismo para existir, desabafa. Reclama ter transportado ao forte de Peniche, com gasolina à sua custa, muitos familiares de presos políticos. Acaba mesmo por ser despedido da Europa-Press (afeta à Opus Dei), por não ter, em política e costumes, comportamentos correctos
                               In, http://www.wook.pt/authors/detail/id/15541, consultado em 14/11/2014

A frase que tem como lema, disse-nos, “O melhor espetáculo do mundo é o ser humano”, porque acredita que só o Homem pode fazer os outros felizes. A vida é um grande espetáculo. Só não consegue homenageá-la quem nunca penetrou dentro do seu próprio ser e percebe como é fantástica a construção da sua inteligência. É um apelo aos valores humanos, à sua prática e para isso podemos contar com a literatura. Recomendou-nos Agostinho da Silva, um filósofo, um poeta, um sábio do século XX, cujas reflexões nos ajudam a compreender e a transformar o mundo.
Fica o nosso agradecimento por nos ter proporcionado momentos de reflexão e de sabedoria, tão necessários para quem ensina e para quem aprende nos dias de hoje. Ao ouvi-lo, fui anotando, mas algo me fez escrever nuns humildes versos o que senti. Aqui ficam para quem gostar de pequenas divagações.

Ouvir Dacosta
Foi um prazer!
               Da vida e do liceu falou,
                        Com a literatura nos inspirou,
                               Com estórias e factos deslumbrou!

Isilda Lourenço Afonso
Agrupamento de Escolas Latino Coelho, Lamego

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