Fernando
Dacosta nasceu em Luanda, em 1945, mas aos três anos vem para Portugal, mais
precisamente para a localidade de Folgosa do Douro. Estudou no Liceu de Lamego
e licenciou-se em Filologia Românica.
Foi
convidado para participar nas comemorações do 134º aniversário da Escola
Secundária Latino Coelho, uma vez que a sua ligação a este espaço de ensino
nunca foi por si esquecida. E foi realmente um momento de encontro com as
raízes, com o passado liceal e a oportunidade de rever e sentir aquilo que nos
fica para sempre: as recordações e os percursos que a vida proporciona e que
agora pôde testemunhar aos mais jovens.
O
encontro foi, essencialmente, uma conversa coloquial, uma lição, um revelar de
curiosidades de uma vida dedicada às letras, à sociologia, ao jornalismo, em
suma à sociedade que tanto deseja justa e equitativa.
Ficcionista
e autor dramático, exerceu a atividade profissional de jornalista, na sequência
da qual publicou os trabalhos de investigação jornalística Os Retornados
Estão a Mudar Portugal (Grande Prémio de Reportagem do Clube Português de
Imprensa) e Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo (Prémios Gazeta e
Fernando Pessoa). Estreou-se como dramaturgo com Um Jipe em Segunda Mão,
peça que, tendo por tema as sequelas da guerra colonial portuguesa, foi
distinguida com o Grande Prémio de Teatro da RTP, e editada, em 1983, com o
monólogo dramático A Súplica e o diálogo Um Suicídio Sem Importância,
volumes a que se seguiriam os trabalhos teatrais Sequestraram o Senhor
Presidente (1983) e A Nave Adormecida (1988). Tentado pela maior
liberdade de tratamento do espaço e do tempo no registo novelístico, com O
Viúvo (Grande Prémio da Literatura do Círculo de Leitores) e Os Infiéis,
afirmou-se no domínio da ficção, estabelecendo nexos de intertextualidade com
outros autores de língua portuguesa que integram ou refletiram sobre a mitologia
do ser português, como Agostinho da Silva, Jaime Cortesão, Antero, Pascoaes,
Oliveira Martins, Camões ou Pessoa.
Fernando Dacosta,
acreditado como correspondente da imprensa internacional, transforma-se, por
via da dona Maria, em assíduo de S. Bento, e consequentemente num quase
confidente de Salazar. O autor não se assume como um homem da situação. Não
fui eu quem escolheu a época do Salazarismo para existir, desabafa.
Reclama ter transportado ao forte de Peniche, com gasolina à sua custa, muitos
familiares de presos políticos. Acaba mesmo por ser despedido da Europa-Press
(afeta à Opus Dei), por não ter, em política e costumes, comportamentos
correctos.
A frase que tem como
lema, disse-nos, “O melhor espetáculo do mundo é o ser humano”, porque acredita
que só o Homem pode fazer os outros felizes. A vida é um grande espetáculo. Só
não consegue homenageá-la quem nunca penetrou dentro do seu próprio ser e
percebe como é fantástica a construção da sua inteligência. É um apelo aos
valores humanos, à sua prática e para isso podemos contar com a literatura.
Recomendou-nos Agostinho da Silva, um filósofo, um poeta, um sábio do século
XX, cujas reflexões nos ajudam a compreender e a transformar o mundo.
Fica o nosso agradecimento por nos
ter proporcionado momentos de reflexão e de sabedoria, tão necessários para
quem ensina e para quem aprende nos dias de hoje. Ao ouvi-lo, fui anotando, mas
algo me fez escrever nuns humildes versos o que senti. Aqui ficam para quem
gostar de pequenas divagações.
Ouvir Dacosta
Foi um prazer!
Da vida e do liceu falou,
Com a literatura nos inspirou,
Com estórias e factos deslumbrou!
Isilda
Lourenço Afonso
Agrupamento
de Escolas Latino Coelho, Lamego
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